Jogadores visto apenas como comodities, estádios em mãos de poderosos grupos econômicos, clubes vendidos a estrangeiros e técnicos brasileiros tratados como párias pelos próprios brasileiros. Eis a nossa realidade.

Rui de Albuquerque

Temos dito que o futebol brasileiro é tratado como comodity para consumo europeu. O difícil de engolir é o processo de aculturação dos técnicos de futebol tupiniquim. Os nativos estão fora das equipes de médio e grande porte A preferência é contratar gringos para dirigir nossos clubes e a agora, para piorar, se discute qual o estrangeiro que deve orientar a seleção masculina, porque a feminina já tem uma gringa como comandante.

Está claro que no Brasil o conhecimento das técnicas de treinamentos, uso de toda aquela parafernália para melhorar o desempenho dos atletas e as condições físicas não devem servir de argumento para justificar a exclusão dos nossos nativos, pois eles tem aqui todas as condições de qualquer clube dalém mar.

Como então explicar que um país penta campeão do mundo da modalidade resolva agora contratar um coach (eca !) estrangeiro para dirigir o time nacional em detrimento aos locais. Será que a Síndrome do Vira Lata, com dizia Nelson Rodrigues ainda povoa os nossos estados?

Ou será que em nome da globalização, os tentáculos do capitalismo estão abarcando cada vez mais o que era antes considerado o esporte do povão ? Bastava uma bola feita de uma meia para rolar o baba.

Estádios

Vamos lembrar que praticamente todos os estádios estão nas mãos de empresas privadas desde a realização da Copa do Mundo no Brasil. Arena da Fonte Nova, Arena da Baixa da Santinha, Arena do Cachorro Magro, do Barreiro… Isso significa que o torcedor é obrigado a se submeter às normas espartanas dos grupos detentores das marcas.

Os “aficionados” do futebol agora são classificados de acordo com o seu poder aquisitivo e status. Quem tem cacife e paga mensalmente ás empresas tem garantido nas alas vip do estádio e quem não tem foi afastador sutilmente das “arenas”.

Clubes

Quem dá mais, quem dá mais? Antes eles eram chamados de cartolas, depois de dirigentes esportivos e hoje atendem como empresários ou CEOs. São eles que negociam a venda das agremiações que dirigem a grupos, quase sempre multinacional. O nosso Esporte Clube Bahia, o Tricolor de Aço, agora pertence ao City Footbal Group.

Vamos torcer para que a Liga de Futebol Barreirense resista ao canto da sereia e não caia na tentação de se desfazer da única opção de lazer e entretenimento que a moçada tem, além da cerveja e da pinga, é claro.

*Rui de Albuquerque é bacharel em Comunicação Social pela UFBA.
Folha da Terra Jornal

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