50 anos de história e uma contribuição inestimável para o município. Primeiro curso de Ensino Superior da região, o de Letras da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus II, surgiu da então Faculdade de Formação de Professores de Alagoinhas (FFPA), que teve seu primeiro vestibular em 1972. Para comemorar esse jubileu, uma série de celebrações e prospecções científicas acontecerão até o dia 28 de outubro, a exemplo da que ocorreu na noite de quinta-feira (22), na Vila D’lagoinha. A Prefeitura também apoiou, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo (SECET).

A Cidade da Memória e a Memória da Cidade foi o tema que norteou o encontro, com participações da secretária Iraci Gama, Antônio Dórea (artista plástico e ambientalista), Maria José (UNEB/CASPAL), Osmar Moreira (Pós-Crítica/UNEB), Jailma Pereira (Pós-Crítica/UNEB) e Ieda Fátima (Pós-Crítica/UNEB). Ao fim das apresentações, o sanfoneiro Paroara animou o público com um autêntico forró nordestino.

“Essa data de hoje é importante para todos nós, para a UNEB inteira e para Alagoinhas”, declarou a professora Iraci, cuja vida se integra à do Curso de Letras. “Foram trinta e sete anos dentro da instituição, trabalhando com ela e honrando sempre essa memória, que é uma memória especial pelo curso de Letras ter sido a sustentação para que tivéssemos Ensino Superior nessa região toda do Litoral Norte e Agreste da Bahia”.

A secretária de Cultura, Esporte e Turismo abordou o trabalho desenvolvido na Fundação Iraci Gama (FIGAM) que, segundo ela, é uma decorrência desse envolvimento inicial com a Faculdade de Formação de Professores de Alagoinhas (FFPA). “Portanto, eu fico muito feliz porque eu vim para a FPPA quando ela tinha apenas quatro aninhos de idade e fiquei até 2013”.

A FIGAM realiza estudos e pesquisas em torno da Memória, Identidade, Patrimônio e Cultura de Alagoinhas.

Curso de Letras

O curso de Letras tem dois campos distintos: a Linguística, que se debruça sobre a questão do signo, sua natureza, forma e diversidade, bem como a enunciação dos falantes; e os Estudos Literários, que explora a palavra artística, a imaginação criadora e suas formas de teorizar, criticar, historicizar, filosofar. “O curso de Letras de Alagoinhas já faz esse exercício há 50 anos, com uma prática bastante profissional e científica”, mencionou o professor pleno da Universidade do Estado da Bahia e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural Osmar Moreira. “Nos últimos cinquenta anos, foram alguns milhares de egressos dos cursos de Letras, atuando como professores de língua portuguesa, inglesa, francesa, em vários níveis de Ensino, além de pesquisadores de linguística e de literatura, não apenas aqui no município, mas no território, na Bahia, no Brasil e no mundo”.

“Foi formado em nosso curso de Letras todo um conjunto de professores que representam um desenvolvimento social em prol da cidadania cultural, com a capacidade de levar aos diversos rincões essa curiosidade em torno do signo e da potência de dizer e de falar, porque, afinal de contas, sem língua nenhum ser humano tem a condição de entrar na história e, como diria Paulo Freire, “estar com o mundo”, transformando-o, e não apenas jogado no mundo, feito um farrapo. É através da língua que ele pode tratar da sua experiência, de todas as perspectivas, dos cenários possíveis enquanto ser humano, digamos assim, o humano demasiadamente humano. O signo é arbitrário e se os seres humanos desaparecessem da face da terra, todas as coisas perderiam seus nomes, pois o nome é um atributo do humano e isso é objeto da nossa área: língua, literatura e suas relações intersemioticas” esmiuçou o Prof. Dr. Osmar Moreira.

Osmar também ressaltou que, a partir de 2004, um novo currículo possibilitou a pesquisa científica mais acurada, da graduação até o mestrado, doutorado e pós-doutorado. “Esse fato é da maior relevância porque, se o Brasil tem mais de cinco mil municípios, Alagoinhas é um dos poucos com um curso de mestrado e doutorado, e na área de Letras. Isso não é pouca coisa, não é para qualquer cidade e está à altura da potência que Alagoinhas tem”.

 

Folha da Terra Jornal

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