Não há sequer um período do ano em que a temática dos efeitos das mudanças climáticas fique de fora do contexto de discussão política. Para nosso prejuízo, acontece majoritariamente em momentos considerados catástrofes naturais ou de grande dano em comunidades e cidades. A exemplo, nossa cidade nos últimos dias. As fortes chuvas causaram prejuízo nas vias públicas urbanas e rurais, e danos a comerciante e dezenas de famílias que tiveram casas alagadas e móveis perdidos.
Luma Menezes*
Lidar com as mudanças climáticas pode estar fora do nosso alcance imediato, mas elas já são previstas há décadas a partir de discussões nacionais e mundiais com o debate sobre medidas para mitigar os danos. Neste ano, inclusive, aconteceu no Egito a COP27 (27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas), na qual um dos grandes acordos firmados foi a criação do Fundo de Perdas e Danos, visando determinar que os países que mais contribuíram para a crise climática no mundo tenham responsabilidade de cobrir a conta dos impactos climáticos nos países mais afetados, os que a desigualdade social prepondera.
O Brasil é um desses. Segundo o Laboratório das Desigualdades Mundiais, o 1% mais rico possui quase a metade da fortuna patrimonial brasileira. A responsabilidade pela reparação social recai sobre o poder público. Planejar e estruturar cidades é um dos caminhos para evitar danos aos mais vulneráveis. Reconhecer o estado de emergência climática é assumir deveres com foco na adoção de medidas para reduzir as emissões de carbono. Aliado a isso, estruturar Planos Municipais de Drenagem como plano setorial com foco na atualização dos Planos Diretores para preparar os municípios e garantir desenvolvimento adaptado à realidade urbana e ambiental. Ainda temos muito o que avançar para evitar danos maiores e não temos muito tempo. Alagoinhas, enquanto cidade, precisa começar a enxergar essa urgência
Luma Menezes é vereadora (PDT) em Alagoinhas.