A pressão começa em casa e piora muito com a tentativa de se inserir no meio social.
Por Rui de Albuquerque
Mesmo sendo crescente o numero de indivíduos que se declara homossexual, a realidade está muito longe de se tornar um fato habitual no nosso dia a dia. Como o racismo, a homofobia está impregnada na cultura em pleno século XXI. Afinal, o que impede uma pessoa de dizer publicamente que sente atração por outra do mesmo sexo? As razões são inúmeras e começam no ambiente familiar. Não faz muito tempo que ser gay era cometer um pecado capital com pena de expulsão de casa.
No aspecto social, se tolera o homossexualismo muito mais por uma questão de se parecer “liberal” do que de ter uma formação social livre de discriminações. O exemplo do que ocorre no racismo, também se evidencia na crítica a preferência sexual considerada “fora” dos padrões pré-concebidos. “Nada contra se A ou B gosta de pessoa do mesmo sexo”, dizem alguns. No entanto, a distancia entre a fala e a convivência diária com gays é de anos luz.
Seria até aceitável se o preconceito ficasse apenas nessa esfera do “politicamente correto” como ocorre em outros temas polêmicos. A realidade transcende ao liberalismo, ao bom senso, e o que vemos é uma verdadeira caça as bruxas com ocorria na Idade Média. Alijado do convívio social, o viado ou a sapatão enfrenta também agressões morais e físicas. O Brasil é o primeiro colocado no ranking mundial em mortes de homossexuais.
“Sou lésbica assumida há muito tempo. Desde então, tenho enfrentado uma série de preconceitos”, diz Cassandra (nome fictício). Ela afirma que a sua vida social se resume ao grupo afim (a irmandade gay). Por ser mulher, Cassandra diz que nunca sofreu agressão física, mas já foi testemunha de vários casos com viados e travestis. “Tenho amigos que foram espancados por serem homossexuais”, relata.
Como ocorre em todo o país, ser negro e pobre é um grande desafio de sobrevivência. É uma luta diária contra todo o establisment. Ser negro, pobre, com baixa escolaridade e bicha é um desafio hercúleo, principalmente pela ausência de políticas públicas para transformar essa realidade. É preciso uma tomada de posição que se origine da base, não de estrelas nacionais. Elas não estão na base da pirâmide social.