Foi uma aventura chegar até o Papagaio II durante a noite, mas valeu a pena.

Rui de Albuquerque

Nada melhor do que passar o São João na roça. Bem distante de grandes shows urbanos patrocinados pelas prefeituras. O local escolhido foi o distrito do Papagaio II, a sete quilômetros de Alagoinhas. A promessa de que haveria um arrastão e logo depois um genuíno arrasta-pé era de encher os olhos de quem curte o São João de outrora.

E lá fomos nós. A primeira dificuldade foi chegar à entrada do Papagaio II pela BA 504 que liga Alagoinhas ao município de Araçás. A rodovia, além de não ter nenhuma sinalização indicativa, é mais apropriada à pratica de moto cross com seus buracos e depressões.

No chute, conseguimos chegar a entrada do distrito do Papagaio II. Era noite e não havia qualquer iluminação exceto os faróis do nosso carro. Os buracos aqui, poças de lama acolá e inúmeras depressões da estrada de terra não tiraram o tesão da gente pelo arrasta-pé.

Finalmente, chegamos ao arraíá. Bem ornamentado com bandeirolas, como manda a tradição juninas, comidas típicas e licores. Para esperar a chagada do arrastão que visitava a periferia do Distrito, sentamos na “lanchonete” de seo Luis e assistimos as crianças e adolescente soltarem fogos.

Lá pelas tantas, o tempo era mero detalhe, chegou o animado arrastão. Hora de começar a festa! Hora de desligar o som mecânico e a sanfona tomar lugar. “Pena que o som estava abafado e não podemos curtir o forró até o raiá do dia”, diz uma moradora local.

 O Papagaio II no dia a dia de abandono.

Se a comunidade de distrito do Papagaio II não teve dificuldade nenhuma para organizar o São João graças a cooperação de todos os moradores, a realidade do dia a dia do Papagaio requer esforços que vão além da capacidade de seus moradores.

A queixa principal dos “papagaienses” é a inexistência de serviços médicos. Se um dos moradores precisar desse serviço, é obrigado a ir até o distrito do Estevão ou o hospital do município de Araças, se “não morrer antes”, diz um morador.

Uma outra moradora reclama que o Papagaio II não tem um posto médico. “Se alguém precisar de um socorro médico tem que se deslocar até Araçás. Não existe qualquer opção de lazer para os moradores, exceto bodegas.

Folha da Terra Jornal

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