ESTUPRO

Afinal, a mulher sempre ocupou um papel secundário no extrato social.

 

Por Rui de Albuquerque

 

O assunto está ganhando cada vez mais destaque na imprensa nacional, mas o enfoque é sempre o que aconteceu entre a vitima e o agressor, Não existe uma analise mais profunda sobre o porquê esse tipo de agressão é tão comum na sociedade brasileira e suas consequências. Se se falar em racismo, pode-se dizer que é uma herança estrutural, mas a mesma explicação não é levada em consideração, e deveria ser, se tratando de uma relação sexual não consensual.

Numa sociedade machista como a brasileira, a mulher sempre teve um papel secundário no extrato social. Cuidar da prole, fazer a faxina da casa e estar sempre acessível aos desejos copulares do marido, seja a hora que for, é a função histórica da fêmea. “O habito do cachimbo põe a boca torta” como diria a minha velha mãe, Dona Nita. Sendo assim, não seria anormal para o macho estender a sua ferocidade a outras fêmeas, mesmo que o ato seja legalmente punível por lei.

Mas, a cultura do machismo se sobrepõe a lei. Não é a toa que muitas mulheres sofrem assédios sexuais e se calam.  Algumas por não ter coragem de enfrentar o status quo vigente, outras pelo constrangimento que enfrentarão nas delegacias: o segundo estupro. Ela, a vítima, já entra para ser ouvida pela autoridade com aquele sentimento de poder ser considerada culpada.

Para a comerciária Izamara Ribeiro, 19, a mulher que sofreu de abusos deve prestar queixa mesmo sabendo que, além do abalo psicológico, vai se sentir totalmente constrangida. Felizmente, mesmo que timidamente, começa a existir uma conscientização por parte da mulherada que já não é possível aceitar as regras ditadas pelo machismo.

Comerciária Izamara Ribeiro

 

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